"Tu abraçaste-me, e eu senti-me em casa.
Seguro de mim próprio, senti-me no porto de abrigo. Mas como? Se aquilo
foi apenas o primeiro abraço que me deste? Talvez nos tenhamos cruzado
noutras bandas, noutros tempos, noutras circunstâncias. Ou se calhar
fomos mesmo as duas últimas peças que faltavam para completar este
puzzle. Não sei se estavas à minha epera, nem sei se eu estava à tua
espera. O que é certo é que o Mundo é
pequeno, pequeno demais para duas pessoas se encontrarem assim. Sem
compromisso, sem hora nem intenção marcada. Sem planos, sem nada.
Encontrei-te assim, na rua, desamparada como eu. Com um futuro incerto
como o meu. Com um coração do tamanho do Mundo sem confiança nem vida
como o meu.
Encontrei algo em ti que me pertencia, vi em mim algo
que te pertencia. Como se eu tivesse a asa direita e tu a esquerda,
como se não te encontrasse ficasse em perda. Sabes? As pessoas
precisam-se. Elas completam-se com este ou outro defeito, mas
completam-me. Com atitudes e gestos. Com presentes, com sorrisos, com
carinhos e até com dificuldades. Fico à espera, à espera que o tempo
passe. Que eu possa subir ao monte e gritar para toda a gente o teu
nome. Repetir, repeti-lo vezes sem conta até que o decorem. Isto não se
trata de um desejo, trata-se de um objectivo. De uma obrigação para ser
feliz e te fazer igual. E com objectivos não se brincam, ou somos bestas
por falharmos ou bestiais porque conseguimos. Não duvidos, nós somos e
seremos bestiais e juntos venceremos os demais."
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